Eu chorei 7 meses pra ir pra escola, não tinha essa de
depois que entra fica tudo bem, eu queria é vim pra casa, alguém me tira daqui.
Parei de chorar só quando minha mãe ameaçou que eu ia ser
adotada se continuasse chorando e um policial ia me buscar.
Só parei de chorar, continuei não gostando de ir.
Nunca tive grupinhos, melhores amigas, códigos, pra mim era
simples, odiava matemática amava português e fim. E claro, não levava desaforo
pra casa, isso rendeu 3 suspensões, sangue , ameaça de morte e umas advertências.
Tive a fase de arrumar dor de cabeça pra não ir, perdia a
hora, enrolava, quando entrava pedia pra me buscarem. Eu aprendia as coisas em
casa, vendo minha mãe corrigindo tarefa dos outros, me ensinando os verbos e
aprendo até hoje, que saco ter que ir pra escola.
No Ensino médio arrumei um motivo pra ir pra escola: amores.
Rezava pra eu gostar de alguém ai eu ia mais pra escola, só que ai quando
terminava faltava uma semana só de luto e depois ia arrastada rezando pra não ver
o defunto.
Faltava mais que tudo, passei por Deus, mas agora eu tinha
uma desculpa, trabalho o dia todo, de noite to cansada mãe me deixa dormir.
Fiz alguns amigos de até hoje, tive professores incríveis,
outros péssimos, e ainda me sentia lá na primeira serie chorando pra não
entrar.
Quando eu terminei foi o alivio geral, minha mãe que não agüentava
mais reclamação, os professores que mal me viam, a folgadas que sofriam com os
meus tapas , a diretora cansada de dar suspensão e eu nem aí pra todo resto.
Na faculdade tudo muda? Muda nada! Já peguei DP por falta,
fui tentar aquela coisa de me apaixonar por alguém da minha sala, vejo o ex todo dia lindo e de barba.
Sabe o pior? Eu ainda pago.
O bar não me convida as matérias não me chamam as aulas
muito menos, alguém avisa que eu não gosto de ir?
Mas as vezes me da saudade do intervalo do colégio, onde a
gente disputava por um pão de queijo e não por uma vaga de emprego. De quando
eu tava nem aí, levava cobertor pra escola e já avisava que eu só queria
dormir.
As vezes me dá saudade daquela demora em saber o que vamos
ser o que crescer e de quando eu fugia da aula de educação física. Em meio ás
lembranças, penso na Larrisa que virou anjo do céu, das minhas amigas que
viraram mãe antes da hora e do tempo que eu não gostava, mas era feliz.



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